Resenha Em Algum Lugar nas Estrelas

 

EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS

Clare Vanderpool

Tradução: Débora Isidoro.
Páginas: 288.
Gênero: Ficção/Aventura.
Lançamento: 2016

 Em algum Lugar nas Estrelas é um romance intenso sobre a dificil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. Sua mãe morreu e o seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine. O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos - tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden.

fonte: Livraria Cultura.

Sou muito suspeito em falar desse livro, mas eu preciso. Meus amigos, que livro fantástico! Entrou para minha lista de favoritos fácil fácil. Logo no começo da trama eu já estava envolvido e completamente apaixonado pelos personagens. Confesso que um dos motivos marcantes para isso é o livro conter assuntos pelos quais eu sou fascinado - constelações e o número pi - mas não só por isso, Em algum lugar nas estrelas consegue ser muito cativante em cada página virada. Uma história fofa, delicada, profunda da maneira certa, com personagens muito bem construídos e com características muito marcantes.

"Ás vezes, é melhor não ver todo o caminho que se estende diante de você. Deixe a vida surpreendê-lo, Jackie. Há mais estrelas por aí do que as que já têm nome. E todas são lindas."

A história se passa no finalzinho da segunda guerra mundial e vai ser narrada pelo Jack Baker, um garoto de 13 anos que vemos, logo nas primeiras páginas, passar por mudança de ambiente, readaptações e um conflito interno gigante vindo de um drama familiar.

"Um corte fora aberto em mim, e era tão profundo que eu me sentia vivendo aquele momento crítico em que o lenhador grita "Madeira!", mas, de algum jeito, permanecendo em pé, em equilíbrio precário, sem saber para que lado poderia cair"

Jack além de perder a mãe é obrigado a se mudar e viver em um local onde não conhece nada - nem mesmo os esportes típicos. Fazer amizades nessa situação parece algo impossível para Jack, mas ele acaba se aproximando do garoto mais estranho da escola: Early Auden.

A amizade entre esses dois personagens parece muito improvável, já que são bem atípicos, mas essa ligação se dá justamente por os dois estarem enfrentando conflitos internos semelhantes. Jack com a morte da mãe e Early com a do irmão.

"Eu não podia voltar. Queria ir para longe. Esconder minhas cicatrizes. As de fora e as de dentro. Então vim para cá. Para o fim do mundo..."

Até aqui é possível acreditar que é só mais uma história normal sobre amizade, mas vai muito além disso e de uma maneira muito incrível. A autora não mostra uma amizade perfeita, mas sim uma amizade com erros e defeitos que vai se fortalecendo a medida em que os personagens começam a aprender mais sobre si mesmo e sobre o outro. E tudo isso só é possível devido a uma aventura pela floresta do Maine a qual nossos personagens se enfiam, cheia de aventuras, magia, piratas, medos, perigos e o principal: aprendizado e superação.

"É incrível o que você consegue ouvir quando não está sendo distraído pela visão"

Eu particularmente amei demais esse livro. Amei sua forma de narração, como os personagens são apresentados e trabalhados e como a autora nos aproxima tanto deles. A leitura é suave e gostosa te prendendo e lhe fazendo querer mais. Além de todas as qualidades da escrita, a edição está maravilhosa, cheia de detalhes tão perfeitos e bem feitos. O livro físico é lindíssimo e faz jus a história que é tão linda como.

"Olhamos para as estrelas com admiração e fascínio, mas o fascínio não é consequência só dá veneração. É fruto também de uma pergunta: por quê?"